sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Sobre Mecânica Quântica e Fé - Liliane Prata

Uma das coisas que eu sempre gostei no meu trabalho é entrevistar pessoas interessantes. Adorei conversar com uma mulher que largou tudo para passar dois anos viajando pelo Rio São Francisco, com um cara que resolveu do nada virar monge, com a menina que descobriu como transformar lixo em moedas (ok, esse terceiro exemplo é fictício). Geralmente, aprendo muito. Bom. Há dois anos, entrevistei um físico que é doutor em mecânica quântica. Fui para entrevista sem esperar muito: sempre detestei física e não tenho nenhum interesse por mecânica, quanto mais quântica. MAS essa entrevista acabou sendo bem marcante: acabo me lembrando dela quando penso em .
A matéria era sobre aquele filme/livro O Segredo.  Se você não tem muito tempo, não viu/leu e quer saber do que se trata em uma linha, o segredo, basicamente, é: pensando positivo, você vai conseguir tudo o que quer e arrasar. Daí começamos a falar sobre energia, destino, Deus e tal e como a mecânia quântica entra no meio disso tudo (é, não foi uma entrevista muito rápida). E aí que veio a parte que me marcou e que eu vou ocntar no próximo parágrafo.
Depois que op professor me explicou o que eu precisava para a matéria, perguntei o que ele achava disso tudo (energia, destino, Deus e tal). Na verdade, eu, que tinha uma relação meio atribulada com minha própria fé, estava curiosa para saber se ele tinha fé em Deus. Não ele-o-cientista-prodígio, mas ele-ele, sabe? E ele-ele respondeu: ''Eu,pessoalmente,acredito que exista um sentido maior que una os acontecimentos. Que as coisas não acontecem por acaso, que Deus, ou o destino, ou as energias do universo, ou seja lá o como você quiser chamar, está por trás de tudo. Mas eu não acho que tenha que existir uma explicação científica para isso''.
O que mais me impressionou foi que ele, um cientista, abriu mão de uma explicação científica para sua fé. E eu, que não sou cientista, mas vivia implicando com minha fé, pensei: se ele consegue se contentar em só senti a fé dele, por que não eu?
Que eu saiba, ninguém até hoje provou cientificamente que Deus/a grande força/a energia cósmica/whatever existe. Alguns tentaram, mas nada colou de maneira definitiva. O caso é que, por outro lado, ninguém provou que Deus/a grande força/etc NÃO existe: alguns também tentaram argumentar nesse sentido, mas nada que não pudesse ser contra-argumentado. Em vez de abster e falar ''Bom, como nada foi provado, então esse assunto é perda de tempo e prefiro falar sobre, por exemplo, maçãs'', o físico posicionou: ele tem fé, sim, e pronto. É algo que ele sente, independentemente de explicação.
Um tempo depois dessa entrevista, li aquele livro Comer Rezar Amar (adorei!). Logo no início, a autora escreve mais ou menos isto: ''Não vou entrar na polêmica se Deus/a grande força/etc. existe. Aliás, e se agente resolver deixar essa polêmica de lado, de uma vez por todas?'' Lembrei da minha relaçção atribulada com a fé. Lembrei do meu entrevistado. E pensei: que tal se, em vez de tentar explicar a fé, as pessoas que a sentem se contentarem em simplismente senti-la? E as pessoas que não sentem fé, pronto, não sentem. Talvez a fé esteja menos para crença e mais para sensação. Uma sensação bem forte, para algumas pessoas. E para que teimar em explicar uma sensação?

Liliane Prata.



* Esta matéria foi retirada da revista CAPRICHO

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